segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Relato de uma crise de depressão com sintomas psicóticos.

Minha última crise foi em abril deste ano. Eu estava em um dia comum, que para mim significa estar ansiosa sem saber o motivo, sem apetite, sem vontade de fazer nada, com taquicardia, melancolia, sem interesses, inquieta, tentando me concentrar em alguma atividade, coisa que nunca dura mais de vinte minutos. O carteiro chegou e pouco me interessou o que ele colocara na caixa de correio. Mais tarde, quando meu marido chegou do trabalho, abriu uma carta endereçada a mim, vinda do governo e não pode esconder sua surpresa ao lê-la, o que me despertou a curiosidade. Tentei ler seu conteúdo e só consegui identificar as palavras “devendo para o governo”. Um mês depois fui saber que houvera um engano pela parte do governo em relação aos meus vencimentos de aposentada, diminuindo então meu salário e cobrando a diferença que eu já havia recebido. Silenciei e me tranquei dentro de mim mesma por alguns minutos. Logo depois comecei a gritar que agora não tinha mais jeito, que não iria mais lutar contra a doença, que não havia mais solução. Tinham tirado o meu último traço de valor, que era a minha independência financeira. A partir dali só pensava em desaparecer, sair correndo para lugar nenhum, melhor mesmo se nunca tivesse existido. Que depois de tudo que fizera em prol da educação do Paraná, tinha sido descartada por ter uma doença contraída no trabalho e pelo trabalho, como se não tivessem responsabilidade em relação a isso. Quebrei com violência o meu violão (símbolo do meu trabalho como professora de música e regente de coral), cortei uma tela com meu retrato pintada por minha avó quando eu tinha 5 anos, escrevi na parede com esmalte EU TE ODEIO, para mim mesma, tentei introduzir ar na veia com uma seringa em diversos pontos do braço e mão, tentei me enforcar, tentei cortar os pulsos. Raspei meus cabelos (símbolo da beleza que eu sempre achei que tinha). Entrei numa rede social e postei uma foto tirada por mim mesma naquela situação e me despedi das pessoas, dizendo que a próxima vez que me veriam seria num caixão, não antes de dizer verdades que hoje sei serem falsas, em um delírio que eu não sabia que passava. Tomei 10 comprimidos de um psicotrópico. Quando me percebi acordada, a realidade é que eu estava trancafiada atrás de uma grade, inspecionada por um enfermeiro valentão, dentro de um hospital psiquiátrico, sendo acusada de estar surtando, justamente quando estava totalmente vigilante. O enfermeiro tratou de me “apagar” com dois comprimidos e dormi. Íria
Psicoses são distúrbios psiquiátricos graves onde o paciente perde contato com a realidade, emite juízos falsos (delírios), podendo também apresentar alucinações, distúrbios de conduta levando à impossibilidade de convívio social, além de outras formas bizarras de comportamento. As Psicoses podem ter várias origens: por lesões cerebrais, tumores cerebrais, esquizofrenia, tóxicos, álcool, infecções, e traumas emocionais. http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=289

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