segunda-feira, 17 de março de 2014

REALIDADE ATUAL

Hoje tomo 7 comprimidos diariamente e mesmo assim de vez em quando ainda tenho pensamentos suicidas.
Não tenho mais pesadelos pois durmo como uma rocha.
Não tenho disposição para quase nada.
Parece que estou em câmera lenta ao andar, falar, reagir por isso tenho medo de sair sozinha, tomo muito cuidado ao atravessar ruas, presto muita atenção ao fazer compras, transações bancárias ou qualquer atividade.
Esqueço facilmente de coisas simples, como por exemplo do meu endereço para fornecer ao taxista.
Tenho dificuldade em me organizar com horários e tarefas, por isso tenho a mesma agenda que sempre tive quando estava na ativa, só que não consigo cumprir os deveres na íntegra.
Agora estou divorciada, meu casamento de 26 anos foi destruído pela Síndrome de Burnout.
Faço terapia com um psicólogo uma vez por semana.
Faço trabalho voluntário com pacientes mentais uma vez por semana.
Não tenho nenhuma atividade de lazer. Quase nunca saio para passear. Só converso pelo telefone com minha mãe. Raramente recebo visitas.
Não tenho mais lembranças desagradáveis com alunos e escola. Sei que isto é passado.
Não tenho perspectivas para o futuro.
Meu dia a dia passo em frente ao computador, ou cuidando da minha fanpage, ou jogando ou lendo.
Não toco mais violão nem flauta.
Não leio mais meus livros.
Não faço mais trabalhos manuais.
Não me preocupo mais com minha saúde: fumo, tomo refrigerante, como chocolate, não faço nenhuma refeição decente.
Tenho ciência de que a mudança deve partir de mim.
Tenho ciência de que ninguém é culpado além do sistema.
Tenho ciência de que muitas outras pessoas passam pelo mesmo problema e conseguem se levantar.
Mas simplesmente não tenho vontade. Não presto mais como ser humano. Acho que ainda presto para escrever, por isso faço o "alarde" da Síndrome na internet.